segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

MÉTRICA

MÉTRICA


Em nossa língua, segundo a contagem usual em nosso ensino, há versos de uma a doze sílabas. São mais freqüentes os versos de redondilha menor (cinco sílabas); deredondilha maior (sete sílabas);o decassílabo (dez sílabas); e o alexandrino (doze sílabas) .
Os versos de uma sílaba e os versos de mais de doze são raros.
Nos de uma a sete sílabas, não há acentuação tônica interior em lugares fixos,
ao contrário do que se verifica nos versos de oito a doze sílabas.
Note-se ainda que os versos ímpares são nativos na versificação peninsular, enquanto os versos pares são importados. Exemplifiquemos:Versos de uma sílaba (monossílabos):
quebra
queima
reina
dança
sangue
gosma... ( Mário de Andrade )

Esquema dos versos: óo. Ritmo trocaico ou grave.De fato, cada verso é uma célula métrica ou rítmica de duas sílabas. Por ai se vê que o abandono da sílaba átona final parte a célula poética no meio, não se ajustando bem o sistema francês à nossa versificação.Temos que adotar tal critério, entretanto, por motivos de ordem didática.
Como curiosidade, veja-se ainda o seguinte soneto de Hilda Reis Capucci,todo ele em versos monossilábicos:

ANTE UMA JOVEM MORTA

Que
Linda!
E
Finda.

E

Pó!
Que
Dó!

Flor
Sem
Côr!

Jaz
Em
Paz!

Observação: Pela contagem espanhola, que tem como base o verso grave,nas terminações agudas se conta uma sílaba a mais.
No verso de terminação esdrúxula, uma sílaba a menos.
O critério de contagem silábica, assim, depende do ritmo acentual da língua.
Se fôssemos adotar, como seria mais próprio, esse critério em Português, teríamos que acrescentar mais uma sílaba aos versos de terminação oxítona no soneto acima.
Pela contagem francesa, em vigor entre nós, os versos do soneto são monossilábicos,
abandonando-se as sílabas átonas finais.

Versos de duas sílabas (dissílabos):

Também raros, imitam o ritmo da valsa, como neste exemplo de Casimiro de Abreu:

Na / val / sa
Que en / can / ta
Teu / cor / po
Ba / lan / ça.

Esquema: o ó o. Ritmo anfíbraco. Observe-se que o abandono da sílaba átona final,
como preceitua a contagem francesa, quebra a unidade da célula métrica anfíbraca,
que se caracteriza pela existência de uma sílaba tônica entre duas sílabas átonas.

Na língua francesa, que é de ritmo iâmbico ou agudo, tal contagem é perfeitamente normal.O mesmo não se dá, como vemos, em relação à nossa língua, que é de ritmo trocáico ou grave, como a espanhola

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